Era uma manhã um tanto chuvosa e muitíssimo quente. P. caminhava um tanto apressado no centro da cidade. Seres totalmente alheios uns aos outros se desviavam das hastes dos guarda-chuvas somente para depois seguirem apressados até seu destino. Sem sequer notar essas particularidades, P. prosseguia.
Sinal fechado. Uma pausa. Verde: P. atravessa. Quero dizer, tenta atravessar, porque bem no meio da rua, entre a Fundação Politécnica e o Relógio de São Pedro, P. para.
Olha em volta...
Tenta perceber qualquer coisa que lhe devolva a memória: quem ele é, o que estava fazendo ali e principalmente que barulho era aquele.
- Sai daí, seu maluco!
Qualquer coisa o faz se mover, aos tropeções até o outro lado da rua. Senta-se num banco para pensar. E agora? Um perdido no meio de uma cidade que parece caminhar sem freio, uma hemorragia de gente passando e nenhum rosto que lhe traga qualquer lembrança. Decide que não pode ficar ali, parado. Segue pela Avenida Sete até encontrar o poeta.
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