29 setembro 2009

Amor

Amor põe o dedo em tudo
Cria o maior desatyno
Me faz até pôr i grego
Onde haveria i latino.

13 agosto 2009

TRILOGIA JUNINA III: FUMAÇA

No meio da madrugada,
Insônia.
Restos de forró no ar.

A agitação da quadrilha
Acabou.
A fogueira está em brasas.

Os olhos ardem.

Finda a pólvora,
O fogo,
O incêndio,
Resta o incomodo na neblina fétida.

Poluição.

Vai-se o santo do dia,
Fica a feiticeira do dia-a-dia.

TRILOGIA JUNINA II: FOGOS

O balão inicia a festa
Bandeirola,
Estrelinha,
Foguete e
Bomba.

Vela acesa na fogueira
(para os pequenos).

Luz,
Explosão,
Animação.

O pai:
“Queima de dinheiro”
E ele concorda:
“É!”

Barulho incômodo
(Decepção),
Fogueira em brasa,
Fumaça.

TRILOGIA JUNINA I: O NADA

Enfiado num pijama
― Sóbrio, vazio, só ―
Vê passar o dia santo
O dia (santo?) do santo

Buraco no bolso
Maresia,
Preguiça
Tristeza?
― Melancolia.

Fecha os olhos
Ah! O rio bucólico da cidade natal!
O licor adocicado da cidade natal!

O que falta?
Tudo.

12 agosto 2009

DEGENERESCÊNCIA

Sacudida pela empáfia
Do Ter Dinheiro
A preguiça se alevanta.

Alonga a pélvis.

Libertando-se dum pesadelo,
Deixa cair a inibição.

Sai, inquieta.

Voa pelos caminhos
Profanando sua linhagem.

Não logra, porém, alcançar seu destino:
Um mausoléu desperta
A pulsão herdada.

E ela se deita.