23 dezembro 2010

O perdido – Capítulo IV

Há uma particularidade pluviométrica incomum em Salvador. Pode chover muito – muito mesmo – e logo depois fazer um sol de rachar. O dia está lindo quando P. alcança a Ladeira da Barra. O sol derrama raios alegres sobre o perdido que aprendemos a amar.

O ônibus chega ao farol. Era de fato ali o local de sua lembrança. P. olha em volta. Se já esteve ali antes, não foi há pouco tempo. Talvez tenha sido na sua infância, ou num tempo tão distante que somente havia nuvens em sua memória. O tempo fecha em sua cabeça, contrastando deprimentemente com o tempo à sua volta.

P. sente que voltou à estaca zero. Sente-se tão cansado e sem saber o que fazer ou para onde ir que decide ficar ali mesmo, sentar-se na areia da praia e olhar o mar. Esquecer um pouco de que precisava se lembrar de algo.

Os biquínis e sungas multicoloridos compõem um espetáculo à parte aos olhos de P. Sua atenção se divide entre o mar e as pessoas que o circundam. Tão diferentes, tão alheias a seu problema que quase falou com alguma delas. Mas decidiu não perturbar pessoas tão felizes que iam à praia em plena quarta- feira.

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Quarta! Era quarta feira!

Um comentário:

  1. eheh todo mundo merece uma praia em plena quarta-feira! Mesmo que seja só pra refletir sobre os problemas. Obrigado pela visita e pelo comentário... seguindo =)

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